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Evento

Inauguração da mostra Brasília, a arte da democracia

12 de abril de 2024

A FGV Arte, espaço experimental e de pesquisa artística da Fundação Getulio Vargas, inaugura sua segunda exposição, intitulada Brasília, a arte da democracia, sob curadoria de Paulo Herkenhoff, na sexta-feira, 12 de abril de 2024, às 18h. A coletiva está aberta ao público até julho de 2024.

“A conceituação dessa mostra perfaz um arco histórico, desde a criação da cidade até os atuais movimentos em defesa da democracia e da liberdade. Se Brasília é uma epopeia notável no plano Internacional, sua história da cultura se desdobra, ao longo de seis décadas, em brasilienses e brasileiros de todos os recantos”, descreve o curador.

Durante os últimos quatro anos, Herkenhoff levantou um material tão extenso que precisou dividir em etapas. A de Brasília, a arte da democracia reúne artistas das cinco regiões do país, que recorrem a uma vasta diversidade de técnicas e modos de vivenciar a arte, “como ‘exercício experimental da liberdade’, conforme o aforismo de Mário Pedrosa, considerado o maior crítico de arte de todos os tempos”, lembra o curador.

Exposição
São 180 itens de 80 artistas [nomes abaixo], incluindo documentos, como o diploma de candango – conferido aos operários que levantaram a nova cidade, por Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil, de 1955 a 1961, responsável pela construção de Brasília e a transferência do poder do Rio de Janeiro para o planalto central –; o croqui do plano piloto assinado por Lúcio Costa; e o manuscrito de Oscar Niemeyer sobre o monumento JK.
Em exibição, trabalhos de artistas contemporâneos como Cildo Meireles, Vik Muniz, Rosângela Rennó, Anna Maria Maiolino, Carlos Zilio, Jonathas de Andrade, Daiara Tukano, Adriana Kariú, Xadalu, Pedro Motta, Bené Fonteles; fotos de  Evandro Teixiera, Milton Guran, Leonardo Finotti, Orlando Brito, Ricardo Stuckert, Joaquim Paiva; livros de Elio Gaspari,  Nicolas Behr e Raúl Antelo [sobre Maria Martins e Duchamp]; mobiliário de Oscar Niemeyer, Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Zanine Caldas; obras de nomes consagrados como Maria Martins, Marcel Duchamp, Guignard, Mary Vieira, Ceschiatti e Rubem Valentim; uma fotoinstalação, com 70 imagens geradas por IA, de Christus Nóbrega, que reimagina utopicamente os personagens e o processo de edificação da capital federal.

Artistas [ordem alfabética]
Adriana Vignoli, Adriana Kariú, Ailton Krenak, Alberto da Veiga Guignard, Alexandre Murucci, Alfredo Ceschiatti, Anna Maria Maiolino, Athos Bulcão, Bené Fonteles, Benjamin Silva, Bernardo Figueiredo, Bruno Faria, Bruno Giorgi, Carlos Zilio, Chico Silva, Christus Nóbrega, Cildo Meireles, Dadá do Barro, Daiara Tukano, Dirceu Maues, Dona Severina, Edu Simões, Elio Gaspari, Evandro Prado, Evandro Teixeira, Fernando Lindote, Francisco Galeno, Fred Lamego, Fulvio Roiter, Gabriela Biló, Grupo Poro, Gu da Cei, Hal Wildson, Helô Sanvoy, João Angelini, Joaquim Paiva, Jonathas de Andrade, José Roberto Bassul, Juscelino Kubitschek, Juvenal Pereira, Kurt Klagsbrunn, Leonardo Finotti, Lina Bo Bardi, Lucia Gomes, Luciana Paiva, Lucio Costa, Luiz Mauro, Marcel Duchamp, Marcela Campos, Marcelo Brodsky, Marcio Borsoi, Maria do Barro, Maria Martins, Marianne Perretti, Mary Vieira, Milton Guran, Milton Ribeiro, Nicolas Behr, Orlando Brito, Oscar Niemeyer, Patricia Bagniewski, Pedro Motta, Quinca Moreira, Rafael Pagatini, Regina Pessoa, Reynaldo Candia, Ricardo Stuckert, Roberto Burle Marx, Rosângela Rennó, Rubem Valentim, Sergio Adriano H, Sérgio Rodrigues, Siron Franco, Talles Lopes, Usha Velasco, Vik Muniz, Vitor Schietti, Wagner Barja, Xadalu, Yolanda Freire, Zanine Caldas e Zuleika de Souza.

O curador analisa a capital federal sob o prisma político-temporal:
“Brasília teve um longo batismo de fogo contra o autoritarismo, golpes e tentativas de abolição do Estado de direito. Com a resistência aos ataques à sede dos três poderes, Brasília conquistou seu título de capital republicana, democrática, enfim, agora também a capital moral do Brasil e sua voz luminosa é a Constituição cidadã de 1988”.

Com Brasilia, a arte da democracia, a FGV Arte fixa seu padrão inovador de abordar uma agenda acadêmica de reflexão profunda por meio de exposições, publicações, simpósios, cursos e um programa de ação mediadora para um público muito diverso.

Inspiração e homenagem
Vera Brant (1927-2014) era mineira de Diamantina. Mudou-se para Brasília em 1960 e nunca mais saiu de lá. Era confidente de JK, amiga de políticos, diplomatas e artistas. Ajudou Darcy Ribeiro a fundar a Universidade de Brasília, trocava cartas com Carlos Drummond de Andrade, reunidas em um dos seus vários livros publicados. Perdeu seu cargo público durante a ditadura militar de 1964 e se tornou empresária do mercado imobiliário.

“Ela foi o primeiro e generoso periscópio para enxergar Brasília como uma rede extratemporal e extraterritorial”, conta Herkenhoff.  Vera teceu Brasília, unindo JK, Niemeyer, Athos Bulcão, Darcy Ribeiro, Wladimir Murtinho, UnB, Gilmar Mendes, Zanine Caldas, Rubem Valentim e Galeno.
A mobilidade de Vera Brant por campos de ação tão variados guiou o grupo curatorial a perceber que Brasília, além do campo predominantemente masculino do poder, é uma cidade feminina. A exposição inclui o grupo de mulheres escultoras de Brasília – Maria Martins, Mary Vieira, Marianne Peretti, as ceramistas Karajá, até o núcleo de artesãs e escultoras de Planaltina.

O poeta Nicolas Behr [Cuiabá, 1958], radicado na capital federal desde a adolescência, e presente nessa coletiva, escreveu “Brasilia precisa da arte para se desvincular do poder e, finalmente, virar Braxilia” (Braxília não lugar, ed. Fósforo).

Em cartaz até julho de 2024, Brasília, a arte da democracia está aberta ao público de terça a sexta, das 10h às 20h, e sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h. Entrada franca.

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